Seção 1 - Introdução
1.1 - Pobreza de informações e pessoas mal informadas
Ao me deparar com alguns textos do gênero, sentia-me
decepcionado ao perceber que eram
incompletos e fracos, quando o assunto em questão era a
telefonia.
É triste também perceber que pessoas mal informadas e sem
conhecimento técnico (embora tenham
boa vontade), assinam estes textos. Faço aqui um tutorial com
material bastante útil, que explica
muitas coisas que podem ser feitas com a intenção de buscar um
pouco de liberdade para se utilizar
os sistemas telefônicos.
Este texto também é destinado àqueles que se rasgam de ler
textos americanos de phreaking e
boxing. Não importa o que fulano ouviu dizer que dava o sistema
telefônico nacional é
completamente diferente do usado nos E.U.A. e não permite o
"boxing". Ver maiores detalhes na
seção 5.
1.2 - Conceitos básicos a respeito de telefonia
Ao contrário do que muita gente pensa, os fios da linha telefônica
possuem uma tensão contínua
equivalente a -48 volts. Esta tensão se altera para um valor
alternado de 96 volts quando o telefone
toca. Portanto, ao lidar com os fios do telefone, tenha o cuidado
de não encostar no orelhão, na
parede, ou em qualquer coisa que possa "aterrá-lo".
Este cuidado deve ser redobrado se o telefone
for comunitário ou residencial. Levemos também em consideração
que se o aparelho possuí uma
tensão contínua, significa que ele tem também uma polarização
correta (fio positivo e fio negativo).
Na instalação do aparelho esta polarização não faz diferença,
mas quando o assunto é violação, ela
deve ser observada.
Vamos lembrar também que existem dois tipos de linhas telefônicas:
A) Decádicas (ou Pulse) - são as linhas dos prefixos mais
antigos do sistema telefônico. A
identificação de chamadas se dá através de uma série de
sinais (pulsos), que são interpretados pela
central telefônica.
B) Multifrequenciais (ou Tone) - são as linhas dos prefixos
mais novos onde trabalham o serviço
de CPA (Central telefônica com controle por Programa Armazenado).
A identificação de
chamadas se dá através da decodificação de tons frequenciais
em números.
Seção 2 - Telefones
privados
2.1 - Introdução
Nesta seção, explicarei o processo (bem simples) de se
efetuar ligações a partir de telefones sem
teclas ou com cadeado, muito comuns em empresas e ambientes de
trabalho.
2.2 - Efetuando ligações de aparelhos sem teclas
Antes de começarmos, precisamos definir o que significa
"duração de um pulso". Um pulso é
simplesmente uma interrupção no fluxo de corrente que circula
na linha telefônica, e a sua duração é
entendida como o espaço de tempo decorrido do início ao fim
desta interrupção.
Os pulsos enviados pelo aparelho telefônico quando você
aperta o botão de algum número, são
iguais ao sinal emitido quando você coloca o telefone no gancho.
A diferenciação é feita pela
central telefônica, usando como referência a duração do pulso.
Se ele for um pouco maior do que
0.5 segundos (aumentar um pouco esse valor para as linhas mais
antigas), a central considera que é
um pedido de linha. Se a duração do pulso for menor do que esse
valor, a central irá considerar
que um número a ser discado está sendo enviado.
Para formar os números de 0 a 9, são enviado uma série de
pequenos pulsos em seqüência
referentes ao número, ou seja, 2 pulsos para o número 2, 3 para
o número 3 e assim por diante.
Para o número 0 são enviados dez pulsos.
Para simular esses pulsos sem a necessidade de teclas, basta
usar o botão onde se "pega" a linha,
aquele onde você coloca o telefone em cima quando quer terminar
uma ligação. Aperte e solte este
botão rapidamente de acordo com o número que você quer discar,
espere um pouco e aperte outra
série de vezes de acordo com o outro número. Lembre-se que para
o número 0 deve-se apertar o
botão dez vezes.
Faça isso com todos os números e, ao final, você escutará
o tom de chamada.
Seção 3 - Telefones públicos
3.1 - Introdução
Nesta seção explicaremos alguns métodos de efetuar ligações
com telefones públicos sem a
necessidade de se gastar fichas. Mostraremos também como ligar
notebooks a telefones públicos
(se é que existe um hacker que não saiba...).
3.2 - Efetuando ligações gratuitamente utilizando um diodo
O diodo é um componente eletrônico que possui diversas
utilizações. Podemos resumir seu
funcionamento basicamente na seguinte síntese:
Um diodo (ou junção PN), permite
que a corrente circule em apenas uma direção
dentro de um circuito.
Ao se utilizá-lo para o fim aqui desejado, vamos precisar de
um diodo IN4002, IN4004 ou
IN4007. Estes podem ser encontrados facilmente em qualquer casa
de componentes eletrônicos.
Vamos precisar também de um resistor com valor nominal de 22K e
potência de 1W.
Basta que você ligue o diodo em paralelo com o resistor (conforme
tenta mostrar a ilustração
abaixo) e, em seguida, descasque os fios do telefone e ligue cada
uma das pontas obtidas com o
diodo e o resistor neles.
Lembre-se: você vai apenas descascar os fios do orelhão!!!
Se você cortá-los, ele vai ficar sem
linha.
||
|| fio do telefone
||
||
+------------------++-------------------+
|
|
|
|
|
+----¦¦¦¦¦¦¦----+
|
|
/ diodo
\
|
ponta +_----------+
+------------_+ ponta
|
\
/
|
|
+----¦¦¦¦¦¦¦----+
|
|
resistor
|
|
|
+------------------++-------------------+
||
|| fio do telefone
||
||
Para executar esta tarefa, eu aconselho que você descasque os
fios dos orelhões que você utiliza
com mais freqüência pois, devido ao fato dos fios do telefone público
serem muito grossos, não é
um trabalho que se possa fazer tranqüila e rapidamente sem ser
notado.
Você deverá observar também a polarização correta a ser
utilizada. Você perceberá isso facilmente
pois, quando você ligar o diodo de maneira errada, o orelhão
vai ficar sem linha.
Uma dica pessoal: os telefones de cabine e os de cartão são
mais fáceis de serem violados. Alguns
orelhões comuns tem uma proteção blindada que impedem o acesso
ao cabo telefônico. Embora
mesmo assim seja possível puxar o fio com um gancho, que você
enfiará do lado esquerdo do
aparelho telefônico, entre o telefone e uma grade preta de
sustentação que fica atrás dele, eu
aconselho que você evite esses tipos.
Vamos voltar um pouco para a parte técnica da coisa.
O diodo que estamos utilizando vai funcionar da seguinte maneira:
Quando uma ligação é completada de um telefone público, a
central inverte a polarização do
telefone de -48 para 48 volts. Quando o aparelho telefônico
percebe isso, ele pede uma fixa. É aí
que entra em funcionamento o nosso querido diodo. Ele permite que
a tensão caia até 0 volts, mas
não permite que ela se torne positiva. Dessa forma o orelhão não
vai pedir a ficha.
Nesse caso o resistor está funcionando apenas como um
dissipador de potência, para que você
não dê o azar de queimar o diodo (não que ele seja caro, é
que em algumas localidades ele pode
ser uma peça rara que custa R$0,10) e ficar sem telefonar. Mesmo
se você não achar nenhuma loja
que venda, pegue uma placa antiga de alguma coisa que tenha
queimado. Elas sempre tem diodos.
Você deve procurar uma peça pequenininha que tem dois
terminais, é preta e normalmente estará
escrito IN qualquer coisa.
3.3 - Efetuando ligações gratuitamente utilizando um aparelho comum
Primeiro, você deve tomar os processos citados anteriormente
para descascar os fios do telefone.
Em seguida você deve conseguir um aparelho telefônico comum e
ligar cada uma das pontas dos
fios dele nos fios do orelhão.
Para facilitar a sua vida, eu aconselho que o seu telefone
seja o menor possível e que você prenda
um jacaré (pequeno gancho achado em qualquer loja de componentes
eletrônicos) em cada uma
das pontas do seu telefone, para facilitar a ligação no orelhão.
Aí é só efetuar a ligação normalmente.
3.4 - Conectando notebooks a telefones públicos
O processo para se conectar notebooks a orelhões, é igual ao
de se conectar telefones comuns.
Resumirei nesse item, algumas considerações a respeito da fiação
do notebook, que segue os
padrões da FCC Americana e é um pouco diferente da nossa.
O conector do fio do notebook, que é do tipo jack, tem quatro
fios dentro dele. Arranque o
conector de plástico transparente que fica na ponta do fio,
pegue os dois fios centrais e separe-os
dos fios das extremidades.
Estes dois fios centrais, são os que serão utilizados para
fazer a ligação no orelhão. Eu aconselho
que você coloque jacarés neles também.
Basta conectar-se a BBS's da mesma forma que você se conecta em casa.
Caso você queira testar se está tudo OK, abra um programa de
terminal qualquer e digite o
comando ATA, se fizer um barulhinho parecido com o tom de linha
é que está tudo OK.
3.5 - Observação
As chamadas telefônicas se dividem em três categorias:
locais, DDD regionais e interurbanas (ou
nacionais).
As chamadas locais são aquelas efetuadas dentro de sua cidade,
as DDD regionais são as ligações
feitas dentro do complexo urbano onde você mora, no caso de São
Paulo, as chamadas DDD
regionais são aquelas feitas para as cidades que fazem parte da
Grande São Paulo: Jundiaí, Santo
André, São Bernardo, etc. As chamadas interurbanas são aquelas
feitas para fora do complexo
urbano onde você está localizado. Usando São Paulo como
exemplo, podemos citar o interior do
estado de São Paulo e cidades localizadas em outros estados.
Os telefones comuns efetuam chamadas locais e DDD regionais, e
os telefones DDD efetuam
chamadas interurbanas, ou seja, para qualquer lugar do Brasil.
Seção 4 - Caixas de
verificação
4.1 - Introdução
As caixas de verificação (ou armários na linguagem "técnica"
da TELESP) são caixas de ferro, que
geralmente ficam localizadas em vias públicas, e são utilizadas
para se fazer a checagem das linhas
do sistema e identificar problemas antes de se enfiar no subsolo
para tentar resolvê-los.
Tais caixas costumam ser da cor cinza e tem cerca de 1,5 m de
altura, com um código em preto
escrito na parte superior.
Elas possuem um grande número de fios telefônicos, todos
eles divididos em pares. Tais caixas
podem ser facilmente abertas (se é que a que você achar já não
estiver arrombada), pois
geralmente possuem uma tranca padrão em forma de triângulo que
qualquer chaveiro conhecido
pode fazer. Lembre-se que você é um hacker, não um vândalo. Não
vá arrombar a porra da caixa.
Isto é coisa pra quem não tem cérebro. Mesmo se ela estiver
trancada com um cadeado. Se não
puder abrir um cadeado ou procurar informação de um método
para abrí-lo, procure outra caixa.
Ou então esqueça que você leu esta seção.
4.2 - Efetuando ligações gratuitas de caixas de verificação
Para se efetuar uma ligação de dentro destas caixas, basta
que você pegue um dos diversos pares
de fios que se encontram lá dentro e ligue eles ao seu pequeno
telefone comum portátil ou a um
notebook. Não esqueça de por os fios que você tirou de volta
no lugar para que, nem o pessoal da
manutenção e nem o dono da linha, percebam.
Como essas caixas de verificação costumam se situar em vias
bem movimentadas, a prática desse
tipo de ligação é desaconselhada. Mas, como toda a regra tem
sua exceção, fica aqui mais uma
informação para você.
Vale lembrar que de caixas de verificação, pode-se efetuar
telefonemas para qualquer lugar,
inclusive chamadas internacionais.
Seção 5 - Pequena FAQ
sobre telefonia
5.1 - É possível tomar um choque mexendo em fios telefônicos?
Como descrito no item 1.3, os fios telefônicos possuem uma
tensão suficiente para dar choque
relativamente forte em uma pessoa. Este valor de tensão pode
atingir um patamar em que ele pode
dar um verdadeiro coice na pessoa, no momento em que a linha
envia o sinal para o telefone tocar.
Isto depende muito da situação e da pessoa. Se você estiver
com a mão no orelhão e mexer nos
fios, você provavelmente vai tomar um choque legal. Se você
tiver acabado de comer algo salgado,
provavelmente este choque será ainda mais forte, pois o sal
aumenta a condutividade do seu corpo.
5.2 - Como faço para fazer chamadas grátis de minha residência?
Quando você efetua uma chamada, a central telefônica
identifica de onde você está discando,
identifica qual o tipo de telefone que você está usando (público
ou residencial), e então ela arquiva
pra onde está senda feita a ligação e toma as providências
necessárias com relação a cobrança.
Essa identificação é feita na fonte e não por um sinal
enviado pelo seu telefone. Desse modo, é
praticamente impossível pra você que está na sua residência,
tentar driblar essa tarifação. Imagine
que sua linha telefônica não passa de um ramal de PABX.
5.3 - O que é o BINA?
O BINA, é um sistema de identificação de chamadas
desenvolvido com tecnologia nacional, que
permite a quem está recebendo a chamada, visualizar o número do
telefone de quem está
telefonando para ele.
O esquema teve que ser desenvolvido aqui no Brasil, pois o
sistema telefônico é tão arcaico, que
não existiam pacotes prontos para se adquirir. É como você
tentar comprar um Kit Multimídia para
um TK-85 ou um MSX.
Tal sistema só funciona em linhas Decádicas, portanto, se
você quiser passar um trote para alguém,
procure se certificar qual o tipo de linha que ela possui. Para
isso, basta você dar uma olhada no
prefixo e ligar para a sua companhia telefônica local
perguntando se ele suporta CPA. Se eles
falarem que sim, então pode ficar tranqüilo e efetuar a ligação
que você não corre o risco de ser
descoberto.
Mas tome cuidado com o que você vai fazer pois, sob ordem
judicial, as companhias locais podem
fornecer um rastreamento de chamadas e assim descobrir de onde
você telefonou.
5.4 - Existe alguma maneira de se bloquear o BINA?
Da mesma maneira que a tarifação, o BINA não pode ser
driblado do telefone que você está
efetuando a chamada. Quem fornece o número que vai aparecer no
aparelho do receptor, é
enviado pela central telefônica e não pelo seu telefone.
Vale que acrescentar que o sistema não funciona perfeitamente
bem e que às vezes não consegue
identificar determinada chamada. Ele também não identifica
chamadas de telefones públicos.
5.5 - As famosas "boxes" funcionam aqui no Brasil?
Como se pode notar nesta seção, o sistema telefônica
nacional, trabalha de maneira centralizada ao
contrário do americano que trabalha de forma distribuída. E não
é por acaso, pois, além de
possuírem um número bem maior de linhas telefônicas, os serviços
lá são privatizados e diversas
companhias oferecem linhas telefônicas.
A tarifação se dá por diversas identificações enviadas
pelos telefones e diversas centrais
distribuídas pelo país. O que os "boxes" fazem, e
driblar esses sinais enviando outros de diversas
frequências diferentes.
Por exemplo, você faz uma chamada internacional mas usa uma
"box" para enviar um sinal para a
central de como esta chamada fosse uma chamada local.
Já de telefones públicos (quem já foi pra lá sabe disso),
depois que você efetua uma chamada,
aparece novamente um tom de linha que fica aguardando o sinal do
orelhão que diz que você pagou
determinada taxa para o determinado serviço. Neste caso os
"boxes" enviam os sinais no lugar do
orelhão e a chamada é completada. Esses tipos são conhecidos
como Red Boxes, mas não
funcionam em todos os telefones públicos.
Se bem que, ultimamente, as centrais telefônicas estão sendo substituídas por modelos mais novos.